Sobre um ano atípico

2020, um ano para esquecer ou aprender?

14/09/2020
Por: Jeancarlo Zuanazzi*

Esse ano de 2020 será o melhor dos últimos anos, teremos crescimento em todas as áreas, a indústria vai superar todas as expectativas, o comércio vai empregar milhares de pessoas... será um ano de muito crescimento econômico.... isso era o que ouvíamos no final do ano passado e início deste ano.
Quando chegamos em meados de março, uma nova realidade se apresentou, repleta de incertezas, insegurança e visão ofuscada de futuro.
Se passaram 6 meses do início da pandemia e talvez alguns setores crescerão muito além da expectativa inicial, mas alguns segmentos padecem e sofrem profundamente os efeitos deste período de dificuldades globais.

A necessidade de adaptação, de reorganização, fez com que empresas e profissionais reformulassem boa parte de suas atividades e seus planos de trabalho. A relação profissional está mudando, pois começamos a perceber que podemos fazer o mesmo ou até superarmos a nossa produtividade, sem estarmos presencialmente no local “físico”. A possibilidade em diversas áreas, de termos aumento de produtividade, com crescimento de qualidade de vida, faz com que todos os envolvidos reavaliem suas estruturas e necessidades. Alguns questionamentos surgem todos os dias: Precisamos de tanto espaço físico?  O que é mais importante, o tempo que estou na empresa ou o resultado do trabalho que entrego? Consigo reduzir a minha estrutura de custos e manter o faturamento?


Obviamente, muitos setores continuarão com suas estruturas ou mesmo irão ampliá-las, tendo em vista as suas especificidades. Entretanto, muitas empresas estão revendo neste momento alguns questionamentos.
Muitas limitações foram criadas, mas o volume de novas oportunidades e necessidades cresceram em uma proporção maior. Percebemos que nossa atuação pode ir muito além, pois os nossos clientes podem estar em qualquer lugar, não se limitando a uma cidade e/ou região.
Entretanto, não podemos esquecer da realidade, daquilo que está acontecendo neste momento, sobretudo em setores que empregam centenas de milhares de pessoas e que estão ainda buscando recuperação.
O varejo no Brasil é um dos setores mais abrangentes e dinâmicos, responsável por muitas vagas de trabalho e embora alguns segmentos estejam alcançando crescimento, outros enfrentam grandes dificuldades. Em linhas gerais, podemos visualizar no gráfico a seguir a situação total do varejo, desde o início da pandemia, até este mês de setembro.
Ao longo destes seis meses, houveram muitas oscilações, justificado pelas diferentes restrições aplicadas, ou seja, este cenário necessita de um olhar sempre específico para cada local.

Os setores essenciais neste período, considerando a mesma base de dados, apresentam as seguintes situações: Supermercados: (+16,6%); Farmácias: (-2,7%); Postos de combustíveis: (-31,3%).
Outros segmentos, como Comércio de Vestuário: (-51,5%); Móveis e Eletro: (-4,7%); Materiais de construção: (+11,9%); e Turismo e Transporte (-75,4%), demonstram comportamentos variados, os quais são explicados pelas alterações de rotinas da população.

Nos próximo dois trimestres teremos uma visão mais consolidada dos impactos econômicos desta pandemia, sejam positivos ou negativos. Mas o mais certo nisso tudo, é que não estávamos preparados para uma mudança tão radical e repentina, entretanto, acreditamos que sairemos desta crise mais ágeis, com maior capacidade de aprendizado e adaptação, pois estamos aprendendo principalmente que crescimento econômico das empresas não está relacionado com tamanho físico. 
Aprendemos que necessitamos reavaliar de forma permanente os nossos processos e entender o comportamento e tendência dos nossos clientes, pois os modelos que deram certo até agora poderão ainda funcionar, mas não são garantia de sucesso no futuro.

* Professor do curso de graduação em Ciências Contábeis da Unochapecó.
 

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