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Uma conexão que não se explica

Histórias

Texto Ana Vertuoso*

 

Há algum tempo, um amigo me disse que colocamos tanta expectativa no amor romântico, que muitas vezes não paramos para pensar que nossos momentos mais felizes não são necessariamente ao lado de um namorado ou namorada. Eles se constroem junto das pessoas com quem temos um outro tipo de relação: a amizade. Hoje (20/07) é o Dia do Amigo, data para celebrar essa conexão que não se explica e não se desfaz facilmente, nem pode ser resumida em bons momentos ou medida em tempo e distância. Na Unochapecó, por exemplo, é comum encontrar histórias de pessoas que deixaram amigos em suas cidades de origem ou conheceram seus melhores amigos pelos corredores da Universidade.

Devido a graduação, algumas dessas pessoas passaram a morar com amigos, colegas e até mesmo com completos desconhecidos. Foi isso que aconteceu com Monica Kalinoski e Tais Hoffmann. Há pouco mais de dois anos, Monica, que está no último período de Engenharia Química na Uno, dividia seu apartamento com uma amiga que praticava Handebol com Tais. Mesmo não conhecendo a acadêmica de Engenharia Civil previamente, ela aceitou recebê-la em sua casa, e conversando com as duas, não é difícil perceber que a conexão entre elas foi imediata. "Eu sempre gostei dela. Por mais que somos diferentes em algumas coisas, somos muito parecidas em outras", explica Monica. 

Tais e Monica moraram juntas por dois anos

No início, morando em um apartamento com dois quartos, as jovens dormiam em ambientes separados. No entanto, quando a amiga em comum foi embora e uma nova estudante assumiu seu lugar, Tais e Monica decidiram dividir o mesmo quarto. Com isso, a proximidade das duas aumentou ainda mais. Elas contam que nunca brigaram e sempre se ajudavam tanto na vida pessoal quanto na profissional. Apesar das duas cursarem engenharia, as disciplinas em comum se encerraram antes mesmo de elas se conhecerem, algo que fez com que elas encontrassem outros modos de se apoiarem. "Sempre pedimos opinião em relação a regras de cálculo e matérias semelhantes, mas o mais legal era que nos dias em que uma tinha prova, a outra fazia almoço", lembra Monica.

Ao contrário do que pode parecer, atitudes simples, como organizar a casa nos dias em que ninguém tem um trabalho para entregar ou uma prova para estudar, são a base para construir uma amizade duradoura. É por meio desses gestos que percebemos quem realmente se importa conosco e, com isso, a afetividade se torna cada vez mais forte, a ponto da amizade permanecer mesmo quando o convívio diário acaba. Isso aconteceu com as amigas no fim de 2018, quando Monica passou a morar com seu namorado. 

Mesmo com a rotina corrida do fim de graduação e a distância um pouco maior, as duas continuam construindo sua relação como sempre fizeram. "Nossa amizade não mudou. Às vezes conversamos bastante, às vezes pouco, mas isso é normal com todo mundo. A diferença é que quando conversamos é tudo normal, nada muda. O nível de intimidade é o mesmo e as conversas sobre as mesmas coisas", explica Monica. Mesmo não morando juntas, ela e Tais sempre tentam visitar uma a outra.

Mais tímida, Tais não falou muito durante nossa conversa, mas as poucas palavras expressam bem o que a amizade das duas representa. "Um amigo é alguém que você pode contar, independente de estar perto ou longe. Quando eu quero conversar com alguém, eu sempre sei com quem posso contar, quem posso procurar, e a Monica é essa pessoa".

 

Laço invisível

Diferente de Tais e Monica, que passaram alguns anos morando em uma casa com três amigas, alguns estudantes convivem com um número bem maior de pessoas. Exemplo disso, é a acadêmica do 8º período de Jornalismo, Vanessa Marquezzan. Natural da pequena União do Oeste, ela chegou em Chapecó no início da graduação e, por indicação da vizinha, passou a morar em uma pensão com outras 16 meninas. Lá, dividia o quarto com a irmã de Micheli Marta, que só se mudou para a pensão seis meses mais tarde, quando iniciou o curso de Educação Física na Uno. 

Micheli e Vanessa são amigas desde 2017

Como qualquer amizade, as duas iniciaram sua relação como estranhas. Passaram por períodos de adaptação, conheceram os pensamentos, costumes, hábitos uma da outra e, aos poucos, foram modificando suas vidas para acomodar a amiga. "Nós começamos a dividir a mesma beliche, eu dormia na parte de baixo e ela na de cima. Então, por eu já ser amiga da irmã dela e por estarmos tão próximas, fomos nos conhecendo melhor", relembra Vanessa.

Dessa forma, quando menos esperavam, as duas perceberam que tinham encontrado alguém para dividir suas histórias. Por dois anos, Vanessa e Micheli compartilharam a beliche e se tornaram tão próximas, que as colegas da pensão brincavam que elas não faziam nada sozinhas, estavam sempre juntas. Então, após muitas conversas, desabafos e noites em que esperavam uma a outra para jantar, as amigas decidiram, juntas, se mudar para outro lugar.

Mesmo conversando com elas separadamente, é interessante ver a sintonia das duas. A resposta de Vanessa se repete na fala de Micheli diversas vezes. Talvez isso seja devido ao fato das duas conviverem diariamente, o que sem dúvida fortalece qualquer relação, mas talvez, isso seja somente outra prova do afeto que sentem. A amizade das jovens, assim como qualquer outra, não pode ser explicada em poucas palavras, pois é algo muito mais forte do que uma relação que se mantêm apenas pelo convívio. "Parece que eu conheço ela desde pequena. Ela é a minha amizade mais forte até hoje", conta Micheli. 

Assim como Tais e Monica, as duas enfrentam uma rotina agitada, com estudos, trabalho e diversos compromissos que surgem com a vida adulta. Mas mesmo assim, sempre buscam reservar algumas horas apenas para estar com a amiga. Às vezes, quando têm um tempo livre no fim da tarde, elas fazem pipoca e chimarrão e sentam para conversar. Na maioria das vezes, a meia hora que pretendiam ficar ali, se transforma em horas sem que elas percebam.

Do mesmo modo que famílias são unidas por laços de sangue, amigos são unidos por um laço invisível tão forte quanto. Para Vanessa, esses laços se misturam. "A Micheli é a minha família em Chapecó. É com ela que eu posso contar nos momentos mais alegres ou mais tristes. Quando eu estou nervosa, é com ela que eu posso desabafar. Em momentos bons também, quando sai o resultado de uma prova e fico feliz, a primeira pessoa para quem eu conto é a Micheli. Afinal, hoje nós dividimos uma casa, mas também dividimos uma vida juntas. Nós brincamos que somos irmãs de coração, que se juntaram na graduação, para a vida", completa.

 

*Estagiária sob supervisão de Gabriel Kreutz

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