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Alimentação saudável faz a diferença para o corpo e a mente na pandemia

Saúde

Texto Gabriel Kreutz*

 

O sonho de muitas pessoas é ter uma alimentação mais saudável. Porém, sempre existe alguma desculpa para que esse hábito seja deixado de lado, na maioria das vezes, por conta da correria do dia a dia. Mas muitos decidiram que a hora de iniciar uma alimentação com mais saúde deveria iniciar justamente durante a pandemia. A professora do curso de Nutrição da Unochapecó, Liziane Carlesso, é um desses exemplos, ela modificou sua rotina alimentar no ano passado.

“Eu acabei revendo alguns hábitos alimentares e também a prática de exercícios físicos após perceber que meu peso não estava condizente com a minha estrutura corporal. Cheguei num peso que nunca tinha chegado antes, e isso começou a me afetar, não só psicologicamente, mas até para fazer pequenas atividades. Comecei a ver que, com a chegada do isolamento causado pela pandemia, o primeiro momento foi de grande ansiedade, em que eu simplesmente nem pensava no que comer, só me jogava”, relata.

Após passar o período de isolamento, a professora decidiu que iria iniciar uma atividade física, e assim começou a praticar tênis. Com a percepção dos benefícios causados pelo esporte, foi a vez de, também, rever o que comia. “Depois de um tempo, aumentei as vezes que eu fazia tênis. No início não foi fácil adotar esses hábitos, eu não tinha vontade de ir e nem fôlego. Mas com o passar do tempo, em que você vai se motivando e melhorando também a alimentação, vai dando mais vontade e condicionamento. É um equilíbrio, uma balança. Aí eu comecei a rever e ver que a alimentação modificada para mim também melhorava toda essa parte da saúde mental, a autoestima e me impulsionava a buscar alternativas cada vez mais eficientes, então comecei a trocar alimentos que eu comia antigamente (muito prontos e muito embalados), que me poupavam tempo. E como passou a 'sobrar tempo' nesse momento de pandemia, eu consegui me organizar e pensar estratégias melhores”, relembra

A pirâmide alimentar oferece informações sobre os grupos de alimentos

De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Estudo NutriNet Brasil, essa mudança adotada por Liziane também foi observada em várias outras pessoas. O levantamento mostra que os brasileiros passaram a consumir alimentos mais saudáveis durante a pandemia, ou seja, passando a adotar melhores hábitos. Alimentos como legumes, frutas e hortaliças passaram a ser mais frequentes nas casas, contra aqueles mais processados. E se depender de Liziane, essas mudanças iniciadas na pandemia, que trouxeram muitos benefícios em sua vida, seguirão com ela.

“É claro que o início é um processo muito desafiador, restabelecer os hábitos alimentares, organizar seu tempo e manter o foco. Eu me permito comer o que quiser hoje, não tirei quase nada do meu cardápio, mas inseri muito mais alimentos benéficos que eu tinha deixado de lado há muito tempo, como frutas e vegetais, e o modo de fazer também, escolhendo a forma que eu aproveitasse melhor eles, como grelhar e refogar. Eu vou manter sim esse padrão novo adotado, e com certeza isso influenciou em parte no meu sono, também tinha a mente muito turbulenta e isso me fez perceber o quanto o alimento ajuda. Por mais que eu seja profissional da saúde há anos, a gente consegue constatar isso somente na prática. Um simples hábito de tomar um chá antes de dormir já é algo que faz uma grande diferença”, completa Liziane.

 

Garantindo imunidade

Que se alimentar de uma forma saudável é essencial para viver bem, isso todos sabem. Mas afinal,o que podemos chamar de alimentação saudável? 

“Se caracteriza por um padrão alimentar a base de frutas, verduras e legumes, com consumo de proteínas principalmente vegetais (como feijões, lentilha e grão de bico), com redução do consumo de carnes vermelhas e alimentos ultraprocessados (aqueles industrializados que contém uma longa lista de ingredientes)”, explica a professora do curso de Nutrição da Unochapecó, Viviane Lazari Simomura. 

De acordo com ela, esse modo de alimentação está associado com a prevenção de doenças crônicas, principalmente as cardiovasculares, diabetes mellitus do tipo II, e diferentes tipos de câncer. “Além da prevenção, também já temos boas evidências científicas que mostram que a adoção de uma alimentação saudável é fundamental para as pessoas que já têm o diagnóstico de tais doenças, melhorando, assim, seu controle e a manutenção de uma boa condição de saúde”.

Nesse cenário, onde buscamos seguir todas as formas de prevenção à Covid-19, uma alimentação saudável é uma forte aliada para garantir imunidade para nosso corpo. “Ainda se sabe muito pouco sobre o comportamento do novo coronavírus, como ele pode se desenvolver e levar a complicações importantes em alguns indivíduos. Mas, de toda forma, manter um sistema imunológico é essencial para melhorar a resposta frente a qualquer agente agressor do organismo, visto que o sistema imunológico é nosso principal sistema de defesa frente a processos inflamatórios e infecciosos”.

Segundo Viviane, alguns nutrientes são importantes nesse contexto, que são encontrados quando se mantém um padrão alimentar saudável, contribuindo, assim, para o equilíbrio do sistema imunológico e a consequente resposta imune a Covid-19: 

– Vitamina A, que auxilia na restauração da mucosa no trato pulmonar. Pode ser encontrada em frutas e legumes de cor amarela e laranja, gema de ovo, vísceras, entre outros.

– Ferro, cuja deficiência ocorre pela ingestão inadequada, levando, entre outras consequências, a anormalidades no sistema imune, resistência diminuída e cansaço. Pode ser encontrado em fontes de origem animal (carnes em geral, sobretudo carne vermelha) e de origem vegetal (feijão, lentilha, grão de bico, vegetais verde-escuros).

– Vitamina B6, que apresenta diversas funções metabólicas como, por exemplo, atuando como cofator no metabolismo dos carboidratos, como coenzima no metabolismo de aminoácidos e no sistema imune. É encontrada no milho, gérmen de trigo, soja, melão, batatas, carne e miúdos como fígado, rim e coração.

– Vitamina E e Selênio, potentes antioxidantes, diminuem o risco de contrair infecções respiratórias e protege o organismo de danos oxidativos. Encontrados nas oleaginosas (castanhas, avelã, amendoim, pistache, abacate, sardinha, semente de girassol, entre outros).

– Vitamina C, potente antioxidante, que auxilia na melhora da função imune. Encontrada nas frutas em geral, laranja, goiaba, kiwi, morango, melão, entre outras.

– Vitamina D, auxilia no sistema imunológico por meio do estímulo à produção endógena de catelicidinas. Pode ser obtida pela irradiação ultravioleta (expondo-se ao sol), em produtos comerciais e em alimentos. É encontrada em peixes gordurosos, óleo de fígado de bacalhau, atum, cação, sardinha, gema de ovo, manteiga e pescados gordos (arenque).

Como Liziane mesmo citou, no início da pandemia, em muitas pessoas, foi despertado o sentimento de ansiedade e outras questões relacionadas à saúde mental. Viviane relata que alguns padrões de dieta têm sido apontados para contribuir com a saúde mental, principalmente por sua ação em um mecanismo chamado ‘intestino-cérebro’, que é capaz de melhorar a microbiota intestinal e atuar de forma conjunta na melhora da saúde mental. “O segredo, que todo mundo já sabe, está na simplicidade e equilíbrio: ingerir frutas, verduras, legumes e gorduras de boa qualidade. Um bom exemplo é a dieta do mediterrâneo, rica em azeite e oleaginosas, além de vegetais e a alimentação plant based, à base de vegetais. Por isso, manter um alto consumo de vegetais, frutas, cereais integrais, grãos, nozes e sementes, consumir moderadamente leites, derivados, aves, ovos e peixes, e de forma limitada as carnes vermelhas e alimentos processados é uma boa estratégia para minimizar sintomas relacionados com a ansiedade e depressão”, destaca.

Por fim, como ainda estamos vivendo uma pandemia, e mesmo quando ela tiver passado, motivos não faltam para tornar a alimentação mais saudável, e a melhor forma de atingir essa meta é com a ajuda de um nutricionista. “Somente um profissional habilitado é capaz de avaliar e indicar qual é a melhor intervenção a ser realizada, individualmente. É preciso avaliar todo o histórico de vida do indivíduo, suas preferências alimentares, alergias e/ou intolerâncias, condições de doença ou não, alterações presentes, medicamentos que são utilizados e, o mais importante, lembrar que a alimentação precisa ter significado para o indivíduo e não ser apenas uma ‘dieta’ que ele irá fazer, perdendo a conexão com a comida. A alimentação, portanto, precisa atender as necessidades individuais, mas também, precisa ser sempre prazerosa para o indivíduo”, finaliza Viviane.

 

*Jornalista - Diretoria de Marketing e Gestão de Marca Unochapecó

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