Biologia s.f. (1839) Ciência que estuda a vida e os organismos vivos, sua estrutura, crescimento, funcionamento, reprodução, origem [...]  'bios' (vida) e 'logos' (estudo) cujo significado literal é 'estudo da vida'

Desde o Ensino Médio, Sandra Agne nutria um gosto especial pela Biologia e desejava atuar como bacharel para “trabalhar em laboratórios”. Em 1992, participou do processo seletivo para um novo curso da Unochapecó, Ciências Biológicas, foi aprovada e logo deu início às atividades. "Na época, a estrutura era muito simples, nós tínhamos um laboratório de anatomia e um de microbiologia, mas era tudo novinho, e aquilo já nos deixava muito felizes".

Em sua jornada acadêmica duas figuras marcaram uma grande mudança de percurso, a paixão pela licenciatura: Maria Assunta Busatto e a Lurdes Giusti. "Hoje, nós usamos a expressão 'empoderamento feminino', mas na época, 30 anos atrás, não se usava a expressão, era um sentimento que você tinha. Eu tinha um sentimento em relação a elas, aquele desejo de ser uma mulher independente, inteligente, poderosa, uma mulher que fizesse a diferença na vida das pessoas", recorda.

Um segundo motivo que levou Sandra até a docência foi a oportunidade de inserção no mercado de trabalho por meio do estágio. Lá, ela experimentou estar à frente da sala de aula e interagir com cada aluno, sempre relembrando os ensinamentos propostos por suas professoras.

"Eu sou professora. Me orgulho muito em dizer 'professora'. Na época, não existia muito incentivo para alguém seguir a carreira de docência, existia muito preconceito. A própria escolha em ser docente, ser professora, era algo difícil por conta da pressão que existia da sociedade", conta.

Desde o primeiro dia no campus ela sabia que o Ensino Superior seria capaz de delinear as transformações em sua vida, criando novas narrativas. Sua jornada, inclusive, tomou rumos diferentes do esperado pela sociedade da época: Sandra foi mãe com 15 anos e contou com a família como rede de apoio para que ela pudesse concluir a graduação, em 1996, e seguir para mestrado, doutorado e pós-doutorado. "Além de reescrever a minha história, acredito que também reescrevi a história das minhas filhas, hoje elas são mulheres empoderadas, agora em 2022 podemos usar essa expressão, e estão transformando suas próprias vidas".

Comemorações

Implantado no dia 07 de abril de 1992, o curso de Ciências Biológicas surgiu com a premissa de atuar com as demandas regionais ocasionadas pela transformação ambiental a qual Chapecó estava iniciando na época. Após a intensificação das atividades econômicas, decorrente da exploração de recursos florestais, atividade agrícola e industrial frigorífica, os recursos naturais e o habitat foram modificados, e a presença constante de um biólogo se tornou indispensável.

O curso tem ênfase na área ambiental e visa integrar o ensino, pesquisa e extensão, a fim de promover ao estudante uma formação interdisciplinar. Antes de oferecer o Bacharelado, a Universidade contava com apenas a Licenciatura. Foram em torno de 800 discentes constituídos pelo curso desde a primeira turma, da qual Sandra fazia parte.

Docente na Unochapecó desde 1990, a professora Maria Assunta Busatto foi testemunha do nascer de muitos profissionais. Para ela, o crescimento do curso perpassa a criação dos primeiros laboratórios de ensino e pesquisa: o de Zoologia, Anatomia, Botânica, Citologia e Histologia. Um dos eventos lembrados com carinho por ela é o eclipse solar em 1994. Mais de mil estudantes e pesquisadores de todo o Brasil estiveram presentes na Instituição para acompanhar o momento.

Além disso, Maria evidencia a qualificação de docentes com pós-graduação stricto sensu e o crescimento da infraestrutura oferecida pela Uno. "O curso de Ciências Biológicas têm contribuído na formação de professores do Ensino Fundamental e Médio, não só da região, mas de vários municípios e estados brasileiros. Além disso, muitos egressos são docentes/pesquisadores de Instituições de Ensino Superior, Centros de Pesquisa, atuam em empresas, indústrias e, também, criaram suas próprias empresas na área ambiental ou em outras áreas".

Para ela, contar com egressos do curso como colegas na docência é motivo de muito orgulho. E histórias semelhantes a de Sandra Agne, que tiraram o conhecimento do ambiente acadêmico para inseri-lo no dia a dia de diferentes profissões, são como uma moldura para um quadro pintado a muitas mãos. É onde se encontram os docentes universitários e a comunidade, de fato, impactada pelos cidadãos que saem do campus. 

"Discípulos sendo melhores que os mestres! Isso mostra a dedicação de nossos docentes na pesquisa, extensão e ensino, construindo a formação acadêmica dos estudantes".

Nova geração

Atualmente, 30 anos após a criação do curso de Ciências Biológicas, a Unochapecó é uma das poucas universidades a manter o curso nas modalidades de bacharelado (presencial) e licenciatura (EaD), sempre com foco na busca pela inovação e no compromisso com a qualidade do processo de ensino-aprendizagem. Estudante do quarto semestre, Ana Luiza Caldatto nutre os melhores sentimentos quanto ao curso que escolheu: foi a curiosidade de como a vida se organiza que a levou para a biologia. 

"Todo mundo tem curiosidade de como as coisas funcionam. O biólogo é a criança que cresceu e não perdeu a curiosidade".

Ana entende que a área promove um romance na sua trajetória, pois observa que seu crescimento individual se entrelaça com o crescimento profissional. Desde sua entrada no curso, ela visualiza a relação do ser humano com a natureza de uma outra forma, em um contexto de diversidade de espécies e ambientes. É onde ela vê enraizado o apoio da Academia para a conquista de um bom futuro profissional para cada estudante. 

"A equipe de professores que nos ensinam é diversificada em conhecimento e formam um time fantástico de profissionais. Nós sempre podemos contar com eles para tirar dúvidas. Além disso, as aulas práticas são ótimas e temos atividades fora do campus também", ressalta.

Ao agradecer a inspiração dos docentes em cada momento desta jornada, Ana expõe o desejo de ver o curso crescer cada vez mais, de maneira a conquistar o interesse de diversos futuros biólogos. E em sua carreira profissional, pretende melhorar a sociedade por meio da educação ambiental, de modo a manter a ética e competência em seu trabalho.

Novos horizontes

As expectativas para o futuro do curso crescem com cada turma formada, contando com profissionais qualificados para qualquer área de atuação escolhida: seja na docência, na pesquisa, na promoção de saúde, no meio ambiental ou na inovação diante de um universo de possibilidades.

"Que as Universidades Comunitárias possam ter mais recursos para subsidiar, especialmente, a pesquisa, seja de Iniciação Científica ou da Pós-graduação. Espero que mais jovens possam ter acesso e, principalmente, a possibilidade de permanecer na Universidade", expõe a professora Maria Assunta.

Sandra Agne destaca que se houvesse a possibilidade de recomeçar essa longa história, não pensaria duas vezes e retornaria para o curso de Ciências Biológicas. Sempre com a pretensão de atuar como um agente social, educacional e de suporte para todos àqueles que irão passar por suas aulas - como um sacerdócio, sua vocação.

"E para nossos colegas egressos do curso, que sejamos sempre fonte de inspiração em todos os aspectos. Eu acredito que fui um pouco uma Maria Assunta e uma Lurdes Giusti para as minhas alunas, porque elas tinham uma fonte de inspiração e que a vida delas poderia ser transformada através da educação e eu acho que sempre precisamos ser um pouco disso, uma fonte de inspiração para os estudantes", finaliza. 

Para comemorar essa jornada, o curso de Ciências Biológicas convida a todos àqueles que participaram dessa história para uma noite cheia de comemorações. No dia 02 de setembro, às 19h, no Salão Nobre da Unochapecó, será realizado um evento que marcará os 30 anos de ensinamento, pesquisas e profissionais qualificados formados aqui. Contamos com sua presença!