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Curso de Jornalismo realiza a primeira edição do Doc Jor

Cultura

Texto de Alana de Bairros, Briann Ziarescki e Mirella Schuch*

 

Moda senegalesa e brasileira. Partida e reconstrução. Amor, morte, solidão. Depressão e empatia. O leite, a nostalgia. O time do coração. Entre diferenças e singularidades, surgem novas narrativas. E através de documentários, elas têm a oportunidade de serem registradas e permanecem na memória e no tempo.  

Para compartilhar estas histórias, surge o 1º Doc Jor, a mostra dos documentários produzidos pelos alunos de Jornalismo da Unochapecó, no primeiro semestre deste ano. A exibição das produções ocorre entre os dias 19 e 26 de agosto, no Jardim das Artes, a partir das 20h30.

Conforme a professora da disciplina de Documentário e orientadora dos projetos, Ilka Goldschmidt, é muito importante que os estudantes levem suas produções para fora da sala de aula e exibam em outros espaços. Para isso, o curso sempre pensou em maneiras de divulgação. Do início do curso de Jornalismo até o ano de 2011, os filmes dos acadêmicos integraram um catálogo de documentários que eram entregues à escolas. 

Em outra fase, os trabalhos foram exibidos no programa 'Vídeo Lab' da TV Universitária. A partir de 2014, os produtos passaram a compor o Cine Oeste, uma mostra de produções cinematográficas de Chapecó e região, realizada pelo Serviço Social do Comércio (Sesc). "É a primeira vez que teremos um evento específico para isso, organizado de maneira coletiva com os professores do curso", complementa Ilka. 

Durante o processo de edição e finalização das produções, os estudantes tiveram auxílio dos técnicos do Laboratório de TV e Cinema da Unochapecó. Para um deles, Kelvin Cigognini, foi um processo de grande responsabilidade, pois era preciso compreender o que cada documentário pedia e ajudar os alunos a chegar no melhor resultado possível, para que ficasse fiel a história. "É necessário entender do assunto que está sendo tratado e ter sensibilidade para saber qual a melhor maneira de abordar o tema", destaca.

 

Peculiaridades

Na segunda-feira (19/08), será exibido o documentário 'Mustafá', que trata da história de um senegalês que veio para o Brasil em busca de tratamento para a saúde. No entanto, conquistou muito além disso. Ele tem se destacado e está garantindo seu espaço no mundo da moda. 

Para a diretora do documentário, Deise Agnoletto, no momento da gravação o grupo percebeu que seria interessante o auxílio de legenda, pois o personagem principal tem sotaque estrangeiro. "Algumas palavras foram difíceis de entender. Legenda demanda trabalho e tempo, mas foi um aprendizado a mais proporcionado pelo documentário". 

'Entre Linhas' será exibido na terça-feira (20/08). O filme aborda a amizade de duas egressas do curso de Jornalismo que retornam à universidade e relembram como lidaram com a depressão no período universitário. A produção é construída de forma participativa, na qual as diretoras se identificam com o tema e se inserem durante a narrativa.

Segundo uma das diretoras, Natália Souza, a experiência foi profunda e de reconhecimento. "Durante todo o processo de produção do documentário, senti uma identificação muito intensa com as personagens e uma relação muito grande com o tema. Ao trabalhar um assunto tão íntimo, percebi o quão fechada eu ainda estava sobre isso e o quanto precisava de ajuda ainda", expressa.  

Na quarta-feira (21/08), 'A Boca do Inter' ganhará espaço no Jardim das Artes. O documentário se passa no Bar do Boca, local considerado um reduto colorado de Chapecó. Três personagens, de idades diferentes, foram convidados a assistir um jogo do Internacional e, neste contexto, contar algumas das suas histórias como torcedores, assim mostrando quem são eles assistindo aos jogos do seu grande amor, que é o time.

Para a diretora Valéria Cenci, no início da produção do documentário, o planejamento era viajar junto aos torcedores até Porto Alegre, onde localiza-se o estádio do Beira Rio. Entretanto, o plano teve que ser mudado, e o roteiro e a abordagem do filme reestruturados. "Ao mudar, tivemos que repensar todo o documentário e os enfoques. Isso gerou um problema no início, mas com o passar do processo conseguimos entender melhor o que nós queríamos com o trabalho e o resultado final nos deixou muito felizes", afirma. 

A história de 'Proprietárias' será exibida na quinta-feira (22/08). O documentário apresenta a trajetória de duas mulheres, Salete e Edel, que viveram acontecimentos semelhantes, mas enfrentaram de maneiras diferentes. Escolheram permanecer no campo, onde sozinhas, administram e conduzem suas propriedades rurais. A narrativa retrata os desafios dessa realidade, além da conquista de tornarem-se as personagens principais da própria história. 

Para uma das diretoras, Alana de Bairros, foi necessário muita sensibilidade para construir a narrativa do documentário. "Tivemos muito cuidado para respeitar as duas trajetórias, que apesar de terem desafios semelhantes, foram construídas com posicionamentos diferentes", salienta.

Na sexta-feira (23/08), a exibição da noite será 'Atracados', sobre afetividade, amor e solidão. O documentário relata os meandros que o amor curva após a perda de quem se ama, a reconstrução da vida, as reflexões do agora e a continuidade do amor. 

O diretor do filme, Tayvon Bet, relata que foi necessário desconstruir a relação professor-aluno que tinha com o personagem e assumir novos papéis. "A gente fez várias entrevistas até o dia da gravação, e ele me falou que abriu a sua alma, achei isso muito bonito", conta Tayvon.

Para finalizar o 1º Doc Jor, na segunda-feira (26/08), será apresentado 'O Tempo do Leite', documentário que trata sobre um leiteiro que não atua mais na função e que através da profissão construiu relações de afeto com produtores de leite. Quatro anos após a última rota, o ex-leiteiro e os produtores se reencontram.

Uma das diretoras do filme, Paula Eloy, expressa que foi muito emocionante relatar histórias de pessoas que fazem parte da vida dela. "Ao mesmo tempo foi desafiador, pois eu já conhecia todas as histórias e os personagens e neste ponto o papel dos meus colegas Ícaro e Ana na condução do documentário foi crucial para torná-lo atraente e chegarmos no resultado que queríamos", salienta.

A professora Ilka frisa a importância dos estudantes se envolverem na produção do documentário e gostarem do resultado final. "O evento serve como estímulo para as próximas turmas se envolverem e buscarem o melhor resultado em suas produções", conclui. 

 

*Estagiários da Acin Jornalismo sob supervisão de Eliane Taffarel

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