A primeira infância é muito importante na vida das pessoas. Figura essencial nessa jornada, cabe ao professor apresentar um mundo de possibilidades e ser o mediador entre a criança e o conhecimento. Esse é um pensamento que a Unochapecó mantém desde 1972, quando inaugurou o curso de Pedagogia, a primeira graduação da região Oeste de Santa Catarina. Esse marco na história da Universidade e de Chapecó impulsionou o desenvolvimento da região ao lançar no mercado de trabalho mais de dois mil profissionais qualificados.

As festividades em homenagem aos 45 anos da primeira graduação da região se estendem por todo o ano de 2017. A programação começa no dia 14 de março, quando ocorre um evento para celebrar a data da primeira aula do curso. Na ocasião, os ex-coordenadores, professora Maria Lúcia Marocco Maraschin e o professor Josimar Vieira, farão um resgate da trajetória do curso de Pedagogia e seus desafios. Para o primeiro semestre também estão programadas as palestras "O que a escola deve aprender antes de ensinar" e "Escola sem partido", além de uma mesa redonda para discutir a "Identidade do profissional pedagogo".

O começo da história

Até 1972, a única forma de ingressar em uma universidade era se deslocando à capital. A implantação do curso de Pedagogia foi então a oportunidade para os profissionais que já atuavam na área buscarem uma qualificação. De acordo com a professora Ingrid Antunes, aluna da primeira turma de Pedagogia da Unochapecó, a diversidade de idades e gêneros foi o diferencial do curso. Segundo ela, o fato da turma ser eclética, composta desde  estudantes recém-formados no ensino médio até professores com anos de carreira, possibilitou uma troca intensa de conhecimento. "Nosso curso exigia muito, eram três anos para estudar bastante conteúdo. Foi cansativo, mas todas as pessoas estavam ali porque queriam estar. Porque amavam a profissão".

Para a professora, a escolha pela Pedagogia foi natural. "Sempre gostei de brincar de professora, então pensei, por quê não?". Ao ser questionada sobre o melhor da profissão, a palavra reconhecimento é dita com orgulho. "Quando reencontro meus ex-alunos, agora adultos, consigo ver o mesmo brilho no olhar de quando eram crianças. Percebo que não fui só mais uma pessoa que passou pela vida escolar deles, mas deixei uma marca, um impacto positivo em seu caminho". Segundo ela, a Pedagogia vai além do racional, mexe com a sensibilidade. "O bom pedagogo é aquele nato, que possui uma intuição, um cuidado com o outro".

A tradição em formar profissionais capacitados e com uma atuação mais humanizada é o diferencial do curso de Pedagogia da Unochapecó. Respeito, compromisso, cuidado e responsabilidade são os valores difundidos pelo curso ao longo da graduação. Para a coordenadora, professora Suzi Laura da Cunha, a profissão carrega grande responsabilidade, porque lida diretamente com pessoas. "Sempre conversamos com os alunos sobre a responsabilidade deles para com a sociedade. Aquele professor que cativa vai ser lembrado com carinho pelos alunos, mas o mau professor pode criar barreiras no desenvolvimento da criança". Para ela, o pedagogo é um exemplo às crianças, alguém em quem elas confiam, acreditam e se inspiram. "A Pedagogia abre o leque de opções e estimula o aluno, deixando que ele decida que caminho seguir".

Profissão que forma profissões

Formanda do curso de pedagogia, a estudante do sétimo período, Vanderleia Loras Senczkowsk, afirma que ao ingressar no curso sua forma de pensar e agir em relação a educação mudou. "A pedagogia possibilita a oportunidade de olhar para o mundo de uma forma diferente, mais crítica e autônoma". O amplo campo de atuação do pedagogo, além da educação infantil, surpreendeu a estudante. "Cabe ao pedagogo o papel fundamental de ensinar o indivíduo a viver em sociedade, porque a pedagogia é a profissão que forma para as outras profissões".

Todo esse envolvimento com a educação das pessoas aliado à vontade de entender a linguagem das crianças levou a estudante Aline Rodrigues a trancar o curso de Letras no quinto período e ingressar na Pedagogia. Para ela, não se trata simplesmente de ensinar, mas de inserir o indivíduo na comunidade. "A escola é a primeira interação social da criança, por isso o papel do professor é tão importante. Não quero ser apenas uma professora, quero aprender com meus alunos. Quero motiva-los a crescer, leva-los ao conhecimento e através da educação e mudar sua condição".