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Curso gratuito sobre Afrofuturismo está com inscrições abertas

Educação

Texto Christopher Marin e Luana Poletto*

 

Falar sobre diversidade e representação negra é falar sobre história. Em todos os âmbitos da sociedade, se queremos pensar no futuro, não podemos nos desvencilhar do passado. Por que encontramos poucas ou nenhuma pessoa negra como personagens principais de narrativas ou em cargos de poder? É nesse momento que uma simples observação da história nos mostra que grupos minoritários, que sofreram opressão de sua existência, muitas vezes não são considerados dignos de estarem em evidência, são invisíveis aos olhos da sociedade.

Para trazer a discussão da falta da presença negra em produções culturais, o curso de Design da Unochapecó, em parceria com o agente cultural e ilustrador, Helton Mattei, organiza o curso online gratuito, disponível para toda a comunidade acadêmica, com o tema: 'Afrofuturismo: Revisar o passado para recriar futuros'. O objetivo é fomentar o debate e compreender sobre a origem, estrutura, as práticas e as motivações que constituem o movimento estético, cultural e filosófico denominado 'Afrofuturismo', tanto quanto difundir conhecimentos básicos de seu uso prático aplicável às diversas áreas de produção do setor cultural. 

A pouca presença negra em posições de destaque, segundo Helton, que ministrará o curso, é um problema histórico não só da região, mas também no Brasil e no mundo, cada um com suas peculiaridades.

"Importante destacar como os estigmas e estereótipos têm um papel central na manutenção das estruturas de opressão às minorias de uma sociedade. Narrativas e pontos de vista únicos, criam espaços de estigma capazes de limitar o entendimento geral sobre determinados grupos", ressalta. 

O professor de Design, Henrique Telles Neto, comenta que temáticas como esta são importantes na graduação por abordar pontos que normalmente não são tratados na mídia tradicional. "Então é ir além de estereótipos, discutir temas não eurocêntricos, porque a gente procura garantir uma formação mais abrangente, globalizada, e não baseada em uma perspectiva histórica única", salienta.

Henrique destaca ainda que ações extracurriculares são importantes para consolidar a formação e trazer discussões para além das narrativas únicas. "A intenção é impactar, incentivar produções mais diversas não só no curso mas também no mercado, trazer mais diversidade igualitária e equânimes em termos de representação", conta.

 

Ficção questiona o cotidiano

O Afrofuturismo, segundo definição da Academia Brasileira de Letras, é um movimento que usa de aspectos da fantasia e ficção científica para inserir pessoas negras como protagonistas em contextos tecnológicos e futuristas. A partir de vieses culturais, estéticos e políticos, isso é colocado em prática em produções como quadrinhos, músicas, filmes, séries, literatura, entre outros. Ao celebrar as diferentes identidades negras, sua cultura e história são colocados em evidência em uma realidade de tecnologia avançada, para justamente colocar a pessoa negra em posições de poder.

Exemplos de produções atuais que seguem esse movimento são: o filme 'Pantera Negra' e a música 'Black is King', da cantora Beyoncé. Segundo Helton, que também é estudante de Ciências Sociais, ser uma pessoa negra e consumir quadrinhos como os do Pantera Negra já trouxe desde cedo para si uma inquietação sobre a ausência de representação negra na ficção científica. Pensando nisso, e em produções que já integraram o tema racional e a produção criativa, foi criado o curso que aborda especificamente o tema do Afrofuturismo nas discussões. 

No contato com o público, Helton relata que é comum poucas pessoas terem ouvido falar sobre o termo, embora muitos já tenham tido contato anteriormente com o afrofuturismo sem saber do que se trata. Porém, quando compreendem o conceito, percebem o quão é importante visualizar pessoas negras em posições de protagonismo e narradores de sua própria história.

O Afrofuturismo é uma forma de enfrentamento aos estigmas e estereótipos reproduzidos nas produções culturais do mundo ocidental. "Isso não se estende apenas a população negra, que tem a possibilidade de assumir controle sobre sua própria narrativa, mas também a população branca, que pode se permitir quebrar os preconceitos e os limites de uma narrativa única de futuro", finaliza Helton.

 

Inscrições

O projeto foi selecionado pelo Edital Aldir Blanc 2021, executado com recursos do Governo Federal e Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural, por meio da Fundação Catarinense da Cultura e realizado em parceria com o curso de Design da Unochapecó.

O curso será online, com seis horas de duração, que contam como Atividades Curriculares Complementares (ACC's) para os estudantes. As aulas abordarão sobre 'O Perigo da Narrativa Única', 'Resgate do Passado', 'Ficções utópicas para realidades diatópicas' e 'Heróis de rosto negro' e ainda uma oficina sobre 'Afrofuturismo na prática'. 

As inscrições, que são gratuitas e abertas para toda a comunidade acadêmica, podem ser realizadas entre os dias 18 de março a 8 de abril, no site da Unochapecó.

 

*Estagiários da Acin Jornalismo, sob supervisão de Eliane Taffarel

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Afrofuturismo

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