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Das amizades que nasceram na faculdade, ficam as mais belas histórias

Profissão

 

Texto Greici Audibert*

Profissionais de áreas tão diferentes, mas todos com um amor muito grande em comum. O futebol foi o que ligou os passageiros do voo que protagonizou a história mais triste que poderíamos contar. E desses apaixonados pelo esporte, cinco jornalistas conviveram conosco, contando boas histórias e espalhando muitas alegrias pelos corredores da Unochapecó.

 

Sorriso eterno

jornalistasQuem tinha o hábito de divertir as pessoas por aqui era o Gilberto Thomaz, carinhosamente chamado de Giba, sempre com um sorriso largo no rosto. Uma personalidade com um pouco de tudo, lembra o jornalista Natan Silveira. De brincadeiras a papo muito sério, a amizade dos dois começou aqui dentro da Universidade há seis anos. Agora, segue eterna a irmandade. "Ele era um baita irmãozão. Da família. Uma família construída diariamente. Era ele quem alegrava a todos do nosso grupo de amigos. E era todos os dias". Natan, aliás, virou um grande torcedor verde-branco por causa do Giba. Fanático, diz ele, igual ao amigo, que partiu no triste acidente que aconteceu com a equipe da Chapecoense no dia 29 de novembro. "Infelizmente, ele nos deixou e o que fica é a saudade. Saudade dos jargões e dos apelidos que ele nos dava. Ah, como isso vai fazer falta. Dói demais".

Giba encerrou sua passagem por aqui, segundo Natan, aliando duas paixões: o jornalismo e o futebol. "Ele era um representante dos torcedores naquele avião. Vai ser bem difícil de tocar o barco daqui em diante, mas é preciso. E o que nos resta fazer é lembrar dele com o sorriso que sempre tinha e as boas recordações. O que me conforta é saber que meu amigo morreu feliz. Disso eu não tenho dúvidas. Agora, é assimilar o golpe e orar para que, ao lado de Deus, ele interceda por nós e para que o Verdão continue grande como sempre foi".

 

Enciclopédia esportiva

jornalistasUma amizade igualmente bonita e que também nasceu nos corredores da Uno foi a dos jornalistas João Fernando Lucas e Cleberson Silva. Tanto que hoje, enquanto Cleberson segue planos que jamais saberemos exatamente como explicar, João conforta o coração da família que viu nascer e se amar. "Tudo começou na Unochapecó, no curso de Jornalismo, entre os anos de 2001 e 2005. Não éramos próximos, mas acabamos por namorar duas amigas inseparáveis do curso, a Sirliane Freitas e a Patrícia Dal Berto. Demos sorte, é verdade. Daí vieram os primeiros jantares de casalzinho, as festas, baladas e depois, claro, os filhos, as confraternizações, as férias, as viagens, os compromissos e a maldita falta de tempo".

Uma pessoa que amava o que fazia. Tanto que fez isso até o fim, até o seu último minuto, garante João. Viajava com muito orgulho pela Chapeconse, equipe que testemunhou crescer e, agora, alcançar o céu. "É um vazio difícil de preencher e que possivelmente vamos carregar por toda a vida. O Cleberson, o Cléber, além de um ótimo churrasqueiro e de ganhar praticamente qualquer jogo que nos colocássemos a jogar, era um profissional extremamente competente, uma enciclopédia esportiva. Difícil de dizer o que se passa, mas com certeza me sinto orgulhoso em ter tido a oportunidade de compartilhar momentos com ele e sua família durante todos esses anos. De amigo, ele passa a ser, para sempre, um herói em nossos corações".

 

Paixão pelo esporte

jornalistasUm ano antes, o jornalismo da Unochapecó e o futebol unia dois outros grandes amigos. Foi quando Rodrigo Goulart conheceu Douglas Dorneles, que perdeu a vida na maior tragédia envolvendo jornalistas da história. Foi amizade à primeira vista. “Nós nos provocamos muito, de brincadeira, porque ele era gremista e eu colorado. O futebol sempre foi assunto dos nossos bate-papos entre as pausas das aulas. O esporte e o jornalismo era algo que tínhamos muito em comum”.

O trabalho também os mantinha bastante próximos e ajudou a fortalecer o companheirismo entre os dois. “Foram várias transmissões de jogos que fizemos lado a lado. E isso fez com que eu criasse uma admiração muito grande pelo exemplo de profissional, sempre calmo e atento aos acontecimentos do esporte, que era sua paixão”.

 

 

Menino de ouro

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Recentemente, o curso de Jornalismo da Universidade reuniu profissionais da região para uma conversa com os alunos sobre a profissão e o mercado. Renan Agnolin estava lá e não escondeu a emoção e as lágrimas ao compartilhar o seu amor pelo esporte. Assim como tantos outros que partiram, o jornalista vivia um momento intenso na carreira, muito feliz por acompanhar de perto o time do coração. “Renan era apaixonado por esporte desde a faculdade. Durante as aulas de quarta-feira, quando tinha jogo, ele colocava um fone de ouvido, sentava num canto da sala para ficar ouvindo os jogos da Chape”, relembra a amiga, colega de trabalho e também jornalista Fernanda Moro.

Por ser um apaixonado pela Chapecoense, Fernanda tem certeza que Renan seguiu com a equipe para poder continuar contando a história deste grande time. “Falar do Renan é falar de uma pessoa maravilhosa e humilde. Ele era, e vai continuar sendo, o nosso menino de ouro, aquela pessoa alto astral, que não tinha tempo ruim. A gente tem que orar muito por ele, porque eu sei que o meu amigo está num lugar muito bonito agora, por tudo que fez aqui embaixo”.

 

Companheiro admirável

jornalistasAnimar as pessoas mesmo nos momentos mais difíceis não é uma característica comum para todos. Mas bem sabemos, principalmente agora, o quanto é reconfortante poder contar com alguém que nos faça ter esperança e perspectivas melhores. Esse era um dos talentos de Gelson Galiotto, lembra o jornalista Julherme Pires, que conheceu o narrador no primeiro dia de aula do curso de Jornalismo. “Foi incrível, porque eu sempre o acompanhei pelo rádio, especialmente nas transmissões dos jogos da Chapecoense. Ter uma presença como a dele em sala de aula era uma pura energia de experiência”.

A convivência mais próxima com o profissional já tão admirado fez Julherme e os colegas conhecerem um outro lado de Gelson, tão bonito quanto o seu trabalho. “Com o passar do tempo, fomos descobrindo um companheiro de grande carisma e alegria. Todos admirávamos o fato de ele ter buscado a academia para unir os conhecimentos práticos que ele tinha com os universitários. Era nítido que ele buscava por mais, e isso sempre foi um exemplo para nós.”

Em 2008, Julherme chegou a escrever sobre o colega. Um texto intitulado “Um homem de sucesso”. “Para nós, estava claro que a administração acadêmica e profissional, a ambição e o desempenho dele nisso tudo já faziam dele um homem de distinção. Mas acho que para além do profissional, ele será sempre lembrado pelo bom humor e pelas amizades. Gelson já faz falta para muita gente, é um vácuo que não será preenchido, mas suas memórias, com certeza, estarão presentes em todos nós”. E não haverá um jogo da Chapecoense, assegura o jornalista, em que sua voz marcante não será lembrada.

 

O brilho nos olhos

Quem escolheu a comunicação como fio condutor de sua vida e passou pelos corredores da Unochapecó, em especial pelos blocos G e F, já conversou, sorriu, aprendeu e admirou os jornalistas de Chapecó que perderam a vida nesta semana. Mas uma pessoa em especial acompanhou de perto e trajetória de todos eles. “Em meio a esta tragédia não consigo evitar as lembranças daqueles meninos nos seus primeiros anos de faculdade. Vindos de diferentes lugares, cursando períodos distintos, eles tinham em comum a paixão pelo esporte. Desde os primeiros semestres, sempre que possível, focavam os esforços em produzir reportagens esportivas. Os olhos brilhavam com o jornalismo” recorda a professora Ilka Goldschmidt.

Passados alguns anos, estavam eles ocupando espaços importantes na imprensa esportiva, em veículos ou em assessorias, realizando seus sonhos. Em determinados momentos visitavam o curso para falar de suas experiências, enchendo a professora de orgulho. “Fica, é certo, exemplos de trajetórias profissionais que motivam e inspiram outros jovens, futuros jornalistas, meninos e meninas que continuam chegando à universidade para realizar seus sonhos. Só posso é agradecer a oportunidade de ter convivido com eles”.

Nós também.

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*Jornalista - Unochapecó
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