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Estudantes de Agronomia vivenciam profissão em propriedades rurais de Alpestre

Educação

Texto Ícaro Colella*

 

Para que um estudante chegue ao mercado de trabalho com confiança, é necessário que, ao longo da graduação, existam experiências que ofereçam a realidade de sua futura profissão. A disciplina de Estudos e Vivência Ativa (EVA), implantada em 1995, surge com o objetivo de fazer exatamente isso. Por meio dela, os acadêmicos de Agronomia da Unochapecó entram em contato direto com a realidade do campo. Neste semestre, 40 estudantes viajaram até o município de Alpestre, no Rio Grande do Sul, onde ficaram entre os dias 3 e 10 de outubro na propriedade de famílias agricultoras. 

Roger junto de Danrlei Lipreri, que já participou do EVA

Um dos estudantes que pôde acompanhar essa rotina diferente foi Roger Triarca Romani. Ele realizou o estágio na propriedade da família Lipreri, na Linha Alto Feliz. Um dos moradores do local é o jovem Danrlei Lipreri, que também é estudante de Agronomia. Ele relata que, por já ter passado pela experiência, o processo de repasse de conhecimento se transforma em algo muito mais rico. "Foi interessante relembrar. Antes de iniciar o EVA, nós ficamos apreensivos, esperando para saber quem seria o 'filho' que passaria essa semana com a gente. Além de ser gratificante poder passar para um futuro engenheiro agrônomo a parte básica do que se faz no campo, o estágio também é importante para que ele possa entender o quão fundamental é o trabalho do produtor", comenta Danrlei. 

Roger conta que participou de diversas atividades com a família, como ordenhar vacas, limpar piquetes de novilhas e acompanhar o sistema da suinocultura. Ao longo do estágio, o estudante também conheceu melhor algumas peculiaridades do meio rural. Por estar em outro Estado, com uma política agrícola diferente, pôde entender a visão do agricultor a respeito da sociedade, comunidade e até mesmo sobre os diversos profissionais que frequentam a fazenda.

"Profissionalmente, como conhecimento técnico, o EVA agregou muito no processo de dimensionar como o produtor está vendo a forma de assistência técnica, inovação no campo e as estratégias usadas para tornar a propriedade mais eficiente e lucrativa", avalia Roger.  

 

Experiência para a vida

Patrícia Vanusa Zanatta é outro exemplo desse aprendizado. Ela ficou na propriedade de Ilson Marques e conta que realizou atividades ligadas à produção de leite, como a ordenha das vacas, além de dar mamadeira para os suínos e ajudar nas tarefas da casa. Mesmo já tendo morado no interior, a vivência dela foi cheia de novidades e aprendizados, pois nunca havia trabalhado com a produção e venda de leite. 

Patrícia ficou na propriedade de Ilson Marques 

A adaptação para Patrícia, no começo, foi com um pouco de vergonha. Mas depois de muitas conversas, esta barreira foi quebrada, e descobriram até mesmo conhecidos em comum. "Os primeiros dias foram difíceis, pois não sabia como funcionava. Mas no final, quando peguei o jeito, já estava na hora de voltar".

A estudante imaginava um sistema totalmente diferente e enxerga que este estágio proporcionou entender a realidade do pequeno produtor. "Obtive muito conhecimento em uma área que eu nunca tinha tido contato antes. Melhorei como pessoa, pois a família tinha uma filosofia de vida que quero levar como exemplo pra mim. Criei uma relação com todos os familiares. O ensino de vivenciar o dia a dia do produtor, ver as suas dificuldades, quero levar pra toda vida", finaliza. 

 

Teoria e prática

Antes de iniciar as práticas, houve uma preparação para que os estudantes pudessem entender as três etapas do EVA. A primeira se resume à vivência nas propriedades. A atividade geralmente ocorre no mês de agosto e dura 15 dias, porém, devido à pandemia, foi realizada em outubro e por um período menor. Nesta etapa, os estudantes fazem um resgate histórico da estruturação da propriedade e da família agricultora, buscando entender o que a levou à situação em que está atualmente. A partir disso, cada estagiário elabora um 'Livro da Família' com os registros coletados e entregam o relatório para produtores. 

Encerramento do estágio em Alpestre

A segunda etapa acontece aproximadamente no mês de maio do ano seguinte. Nesta fase, com as informações obtidas a partir da vivência, os estagiários fazem avaliação técnica e econômica da unidade de produção familiar. A avaliação começa a ser realizada após o período de campo, com apoio de disciplinas do curso. Além da coleta de dados para a avaliação, o estagiário realiza uma apresentação de palestra em temática previamente definida de interesse dos agricultores. 

Na última etapa, que acontece após um semestre, os acadêmicos elaboram um projeto de investimento para a família de agricultores que os recebeu nas duas etapas anteriores. Neste ano, por exemplo, surgiram projetos de construção de galpão de máquinas, estufa para hortaliça e piqueteamento. O projeto final e as demais atividades têm o acompanhamento dos professores do curso de Agronomia, com a coordenação da disciplina de Planejamento Rural. 

Os docentes desta disciplina, Celso Zarpellon e Gelso Marchioro, acrescentam que o estágio busca trazer aos estudantes uma relação mais efetiva com os agricultores. Busca, além disso, propiciar um conhecimento maior sobre como viver e desenvolver atividades em propriedades rurais, e permitir que sejam levados os ensinamentos da vida universitária para esses espaços.

 

*Estagiário sob supervisão de Gabriel Kreutz

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