Minha Uno
Menu Busca

Maneiras de melhorar o ensino médio são debatidas na Unochapecó

Educação

Texto Ana Vertuoso*

 

O ensino médio é um período de muitas dúvidas, aprendizados e escolhas na vida dos adolescentes. Com o início da implantação de uma reforma neste nível de ensino, nunca foi tão relevante discutir o seu futuro. Pensando nisso, a 3ª Jornada do Observatório do Ensino Médio em Santa Catarina (Oemesc) trouxe essa discussão para dentro da Unochapecó, nos dias 16 e 17 de maio. O evento reuniu profissionais que atuam na área da educação, licenciandos e estudantes para trocar ideias sobre como melhorar o ensino médio no Estado.

Uma das alternativas analisadas nos debates realizados foi o Ensino Médio Integral em Tempo Integral (Emiti). O projeto busca assegurar uma formação mais humana e está sendo adotado em algumas escolas da rede estadual de Santa Catarina, mas ainda divide opiniões. "Se analisarmos o contexto em que a formação no ensino médio ocorre atualmente, é possível perceber que o ensino em tempo integral exclui muitos jovens desse processo", explica o professor da Universidade Regional de Blumenau (Furb), Celso Kraemer.

O professor ressalta que apenas aumentar o tempo que os estudantes passam na escola não é o suficiente, é preciso também repensar como as aulas são ministradas. "Limitar a formação integral somente a quem está na escola em tempo integral é um equívoco, é importante mudar o modelo pedagógico. O estudante não precisa estar presente o dia inteiro para um ensino integrado acontecer, ele pode estar lá apenas em um turno. Isso é ainda mais importante no turno noturno, quando o aluno já está mais cansado. Eles precisam de muita inovação pedagógica. Temos que ter uma formação humana integrada".

O projeto Ensino Médio Inovador (EMI), oferecido pela Escola Tancredo Neves, o Emiti oferecido pela escola Gomes Carneiro, e a oferta do ensino médio regular noturno da escola Marechal Bormann foram apresentados na segunda mesa de debate.

Para contribuir com as discussões, diversas escolas da cidade levaram seus alunos para a Jornada, uma iniciativa que, para Celso, agrega no processo de inovação. "Quando nossa formação é somente teórica, ela tende a ser um fracasso porque desconsidera a parte humana, que são os estudantes. Sempre que conseguimos construir metodologicamente junto com os estudantes, todos saem ganhando", comenta.

A estudante da escola Lara Ribas, Gabriela Onofre, concorda com Celso. Para ela, estar presente durante as discussões é fundamental para sua formação. "Acho muito importante para que possamos ver os pontos positivos e negativos de como é o ensino integral, porque é algo que eu já tive interesse em participar. Também achei muito interessante o debate sobre a situação dos segundos professores nas salas de aula, já que muitas vezes eles não são valorizados".

 

Próximos passos

O professor da Unochapecó e coordenador da 3ª Jornada, Elcio Cecchetti, avalia que o evento trouxe um alerta para o rumo que as atuais políticas educacionais estão tomando. "Há uma tendência à adoção de uma política de voucher. As famílias ganhariam um cheque escolar para escolher uma  escola para seu filho. Grande parte das instituições de ensino seriam privadas e o Estado se responsabilizaria apenas por pagar o voucher, sem se encarregar pela educação".

Para o professor Celso, a realização da Jornada foi importante não somente pelas discussões levantadas, mas também pela integração promovida entre os membros do Observatório. "A Oemesc está aprendendo, se formando aos poucos, mas eu acho que o encontro na Unochapecó foi muito importante para o grupo se conhecer um pouco melhor e entender a sua importância no cenário atual. Além de se inserir mais ativamente naquilo que é o seu objetivo principal, contribuir com a melhora de qualidade do ensino médio em Santa Catarina", finaliza.

 

*Estagiária, sob supervisão de Gabriel Kreutz

COMPARTILHE
TAGS
Oemesc
Observatorio do ensino medio em santa catarina
Ensino medio
Educaçao

LEIA TAMBÉM

comments powered by Disqus
Whatsapp Image