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Peixe da espécie Zebrafish é utilizado para complementar uso de roedores em estudos científicos

Geral

Na última década, uma nova espécie animal passou a ser utilizada com êxito em diversas áreas de pesquisas científicas relacionadas às patologias humanas e seus possíveis tratamentos, bem como em estudos sobre os efeitos promovidos por contaminantes ambientais. O nome da espécie é Danio rerio, conhecida como paulistinha, zebrafish ou peixe zebra no Brasil. A espécie é econômica em sua criação, altamente reprodutiva e apresenta semelhança genética com os mamíferos, inclusive com humanos. Uma pesquisa, com alto potencial de inovação e impacto cientifico, é realizada na Unochapecó com enfoque pioneiro no estado de Santa Catarina.

Desde 2011, o farmacologista e professor da Unochapecó Angelo Piato desenvolve e estuda protocolos experimentais envolvendo o peixe zebra. O uso dessa espécie possibilita desenvolver uma pesquisa relativamente barata quando comparada com outros organismos (roedores, por exemplo). “Na Unochapecó, realizamos pesquisas translacionais (utilização de dados da ciência aplicados à realidade clínica do paciente), onde a ideia é desenvolver modelos de transtornos psiquiátricos em animais, ou seja, desenvolver um modelo em peixe zebra que simule as mesmas alterações fisiológicas, bioquímicas e comportamentais que acontecem em humanos com depressão, ansiedade, esquizofrenia, epilepsia”, descreve o professor Angelo.

A partir do início deste ano, com a vinda do biólogo e professor Denis Rosemberg, para a Unochapecó, os estudos se intensificaram. O professor possui experiência em pesquisas com o peixe zebra desde 2005, quando fazia graduação na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul, que foi aprofundada durante a pós-graduação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Na Unochapecó, o professor Denis implementou a pesquisa novas perspectivas de uso da espécie, através de investigações sobre os efeitos nocivos do álcool (etanol) sobre o cérebro do peixe zebra, bem como em estudos envolvendo ecotoxicologia (estudo dos efeitos que produtos químicos lançados no meio ambiente podem ter sobre indivíduos, sobre populações e comunidades de organismos).

Objetivos do estudo

A pesquisa busca utilizar o peixe para estudos em diferentes áreas do conhecimento, como bioquímica, farmacologia, genética, toxicologia, ecologia, neurociência e biologia do comportamento. Atua em linhas que visam estudar o efeito de contaminantes ambientais (agrotóxicos e metais pesados), além daqueles desencadeados por amostras de preparação de sedimentos de usinas hidrelétricas em parâmetros neuroquímicos e comportamentais da espécie. O objetivo é de relacionar efeitos nocivos com a descoberta de novos mecanismos induzidos pela toxicidade desses contaminantes em uma abordagem ecotoxicológica.

Outros temas pesquisados são os fatores relacionados aos mecanismos de estresse nesse animal, seja pela indução de modelos relacionados à ansiedade/depressão, por manipulações farmacológicas e pela exposição a drogas de abuso, como o álcool. Outra vantagem do peixe em relação aos roedores é que, no peixe zebra, o hormônio que controla o estresse é o chamado cortisol, o mesmo liberado pelos seres humanos. Já nos roedores, o hormônio liberado é o corticosterona, presente em menores concentrações nos seres humanos. 

Posteriormente, será possível avaliar o potencial terapêutico de novos compostos, para que no futuro sejam utilizados clinicamente, visto que a maioria dos fármacos usados para o tratamento dessas psicopatologias apresenta eficácia muito abaixo do esperado. “A contribuição da utilização do zebrafish pode ser de novas descobertas de fenômenos relacionados à ecotoxicidade, de mecanismos neurais na biologia do comportamento e de estudos translacionais na área da medicina, integrando a pesquisa básica com sua aplicação na aceleração na descoberta de novas moléculas candidatas a futuros fármacos”, salienta o biólogo Denis.

Em setembro, o professor Angelo Piato participará, em Belo Horizonte, de reunião da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (Sbnec). Na ocasião haverá um simpósio especificamente sobre o uso desse organismo em modelos de pesquisas translacionais de transtornos psiquiátricos. “Será um momento importante de interação entre os pesquisadores, além de ser um espaço importante de divulgação dos dados obtidos aqui na Unochapecó”, explica Angelo.

A pesquisa com o peixe zebra realizada na Unochapecó foi abordada na revista Fapesp, de julho de 2013. A reportagem é capa da revista, que tem o trabalho realizado pelos professores na universidade como exemplo.

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As pesquisas em Ciências Ambientais

Os professores estão vinculados ao Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais da Unochapecó, onde diferentes projetos de pesquisa vem sendo realizados. As pesquisas buscam a consolidação do programa stricto sensu da Unochapecó, bem como a formação de recursos humanos em excelência nos níveis de iniciação científica e do mestrado.

Já existem projetos aprovados, pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/Edital Universal 2012) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc/Edital Universal 2012, sob responsabilidade da Profa. Leila Zanatta, do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais da Unochapecó). Segundo o professor Angelo Piato, o grupo foi contemplado com editais estaduais e nacionais que fomentam pesquisas com esse organismo modelo. “Esses editais trarão investimentos importantes em materiais e equipamentos para a instituição e construiremos uma estrutura que certamente será referência nessa área de estudo”, ressalta Angelo.

Já o professor Denis foi contemplado por uma bolsa do grupo de pesquisa. “Estamos também na consolidação do grupo "Biologia do comportamento, neuroquímica e ecotoxicologia", o qual já foi credenciado pela Unochapecó e vinculado ao sistema de cadastro de grupos do CNPq”, comenta Denis.

Nos últimos anos, os professores tiveram mais de 20 artigos publicados em revistas internacionais, além de uma ampla interação com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pesquisadores internacionais, bem como da Universidade de Passo Fundo (UPF) e da Universidade Federal do Pará (UFPA), a fim de estabelecer um núcleo de pesquisa de excelência no estudo com peixe zebra. Outro objetivo dessa interação é a publicação de artigos científicos internacionais em periódicos indexados com relevante fator de impacto na área, o que está capacitando a Unochapecó para ser uma instituição de reconhecimento na pesquisa com o zebrafish, no país e no mundo.

“Juntamente com o professor Jacir Dalmagro, estamos implementando diferentes linhas de pesquisa, que integram conhecimentos transdisciplinares de biologia, química e neurociência. A Área de Ciências Exatas e Ambientais (ACEA), em uma interação com pesquisadores da Área de Ciências da Saúde (ACS), realiza importante papel na compreensão dos efeitos bioquímicos e comportamentais investigados na espécie, o que demonstra a importância da interdisciplinaridade do nosso grupo de pesquisa”, declara Denis Rosemberg.

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