Texto Briann Ziarescki*

Compreender os limites para a liberdade de expressão em uma realidade onde o discurso de ódio tem sido cada vez mais presente. Este foi o objetivo do Seminário de Atualidades deste ano, promovido pelo curso de Jornalismo da Unochapecó. O evento, que ocorreu nos dias 20 e 21 de maio, contou com cinco palestrantes que abordaram aspectos jurídicos, filosóficos e de linguagem acerca do tema.

Na primeira noite, o professor e desembargador do TJ-RS, Jayme Weingartner Neto, destacou a legislação no que diz respeito ao discurso de ódio e as especificidades dos direitos sobre a liberdade de expressão. O desembargador exemplificou sua fala com casos que tiveram grande repercussão, tanto internacional, como é o caso da revista satírica Charlie Hebdo, quanto nacional, relembrando o polêmico caso Ellwanger.

A professora do Mestrado em Filosofia da UFFS, Joice Beatriz da Costa, tratou da interpretação filosófica acerca do tema. Ela explicou a necessidade de se estabelecer diálogos como uma das saídas contra o discurso de ódio. Joice ressalta a importância de que esse diálogo ocorra com pessoas de opiniões divergentes, com o objetivo de construir novas visões e evitar a doutrinação.

Já a segunda noite do evento (21/05) contou com a participação de três palestrantes que falaram sobre o tema 'O papel do Estado e da sociedade civil organizada no enfrentamento ao discurso de ódio'. O professor da Unochapecó e procurador do Ministério Público, Carlos Humberto Prola Júnior, tratou sobre os limites da liberdade de expressão amparados pela lei, quando essas opiniões viram discursos de ódio e como é possível identificá-los.

O professor da Unochapecó, Edivaldo José Bortoleto, destacou possíveis saídas para o combate aos discursos de ódio. Para ele, o amor e o debate seriam aspectos fundamentais para compreender as diferenças socioculturais que geram o preconceito, e consequentemente, estas manifestações. Ricardo Rezer, professor dos Programas de Pós-Graduação em Educação e em Saúde da Unochapecó, destacou o papel fundamental que as universidades possuem no combate à falta de conhecimento, causa principal da disseminação sem critérios de discursos de ódio na sociedade.

Olhar mais crítico

A coordenadora do curso de Jornalismo, professora Angélica Lüersen, ressalta o aproveitamento que o evento trouxe tanto para os estudantes do curso, quanto para o público externo. "O Seminário de Atualidades é fundamental para a formação do acadêmico, porque ele propõe a discussão de temas atuais e proporciona o desenvolvimento de um olhar mais crítico e reflexivo", afirma.

O coordenador do evento, professor Vagner Dalbosco, salienta a ampla participação da comunidade acadêmica e externa no evento. "No momento que o conhecimento e a ciência são tão questionados e atacados por determinados segmentos e pessoas que não conhecem e não sabem a importância disso, é necessário o debate no âmbito da universidade. Os palestrantes demonstraram o quanto o conhecimento e a ciência são importantes para compreender os fenômenos que a gente vive", destaca.

Para Juliana Morgenstern, estudante do terceiro período, o Seminário trouxe aplicações não somente em aspectos profissionais, mas também em sua vida pessoal. "Acredito que para nós, futuros profissionais da área, foi muito proveitoso ver os dois lados do tema, tanto o jurídico quanto o filosófico", afirma. De acordo com Juliana, o aspecto fundamental para o sucesso do evento foi a factualidade do tema. "Hoje em dia, com tantos assuntos em pauta, é importante nos atualizarmos e buscarmos cada vez mais o conhecimento dentro e fora da universidade", conclui.

*Estagiário da Acin Jornalismo, sob a supervisão de Eliane Taffarel