Pneu novo ou recapeado

Quais os benefícios financeiros e tributários às Transportadoras de Cargas?

15/10/2019
Por: Cristian Baú Dal Magro

Todos sabem que os pneus representam um custo logístico importante, e juntamente ao combustível, pode consumir parte significativa dos recursos financeiros de uma transportadora. Por essa razão, é natural que os gestores busquem soluções que reduzam esse gasto. Diante deste cenário, a pergunta que todos fazem é a seguinte: afinal, quais são as diferenças entre um pneu novo e um recapeado? 
Para solucionar essa dúvida, é necessário entender que um item novo é, naturalmente, livre de imperfeições e adequado às necessidades do caminhão. Por outro lado, o processo de recapeamento, quando executado de maneira correta, é uma opção viável e segura, já que aumenta a vida útil do pneu e em primeiro momento oferece a vantagem financeira à transportadora. 
As divergências apontadas sobre os benefícios de ambas as escolhas, ocorrem no dia a dia de qualquer empresário do ramo de transporte. Para oferecer uma solução, o Prof. Dr. Cristian Baú Dal Magro efetuou uma projeção ilustrativa útil ao processo decisório das transportadoras. É preciso considerar que tais projeções podem ser modificadas dependendo do modelo de caminhão em análise e a qualidade dos pneus adquiridos, os quais eventualmente podem ser recapeados por mais de uma vez. 
Sendo assim, demonstra-se a viabilidade financeira de comprar pneus novos ou efetuar o recapeamento. Nessa decisão, é preciso considerar os efeitos dos tributos em cada situação hipotética. Para tanto, o quadro 1 mostra uma projeção do custo por km rodado de um pneu novo de caminhão.

Quadro 1 – Cálculo do custo por Km Rodado do Pneu Novo de Caminhão, com opção da venda de carcaça ao final da vida útil:

Você pode verificar no quadro 1 que considerou-se um custo médio para adquirir um pneu novo no valor de R$ 1.380,00 (mil, trezentos e oitenta reais) com crédito de ICMS incidente na operação no valor de R$ 234,60 (duzentos e trinta e quatro reais e sessenta centavos) equivalente a 17% (se for pneu nacional) e crédito de PIS e COFINS no valor de R$ 127,65 (cento e vinte e sete reais e sessenta e cinco centavos), que equivale a 9,25% sobre o preço de aquisição, totalizando um custo final ao transportador de R$ 1.017,75 (mil e dezessete reais e setenta e cinco centavos). 
O uso do pneu novo tem uma durabilidade de aproximadamente 180.000 km, sendo que ao final desta vida útil a empresa pode obter um valor de R$ 400,00 (quatrocentos reais) com a venda da carcaça a um terceiro com interesse em utilizá-la para recapeamento. Caso a carcaça seja vendida pelo valor de R$ 400,00, a transportadora que efetuar está operação deverá recolher como débito de PIS e COFINS o valor de R$ 37,00 (trinta e sete reais), obtendo assim, um lucro por esta operação no valor de R$ 363,00 (trezentos e sessenta e três reais). 
Ao final, considerando o custo da aquisição do pneu novo no valor de R$ 1.017,75 (mil e dezessete reais e setenta e cinco centavos) e o lucro obtido com a venda da carcaça no valor de R$ 363,00 (trezentos e sessenta e três reais), a empresa de transporte de cargas terá um custo efetivo do pneu novo não reutilizado em recapeamento no valor de R$ 654,75 (seiscentos e cinquenta e quatro reais e setenta e cinco centavos). Sendo assim, conclui-se que pela vida útil do pneu novo de 180.000 km, a empresa incorrerá em um custo por km rodado de R$ 0,0036.  
O próximo passo visa demonstrar a projeção de custo pela aquisição do pneu novo com opção de um recapeamento, conforme o Quadro 2. É preciso considerar a carcaça deste modelo de pneu, dificilmente permitirá à empresa executar mais de um recapeamento.

Quadro 2 - Cálculo do custo por Km Rodado do Pneu Novo de caminhão, com opção de um recapeamento:

Novamente, pode-se verificar no quadro 1 que considerou-se um custo médio para adquirir um pneu novo no valor de R$ 1.380,00 (mil, trezentos e oitenta reais) com crédito de ICMS incidente na operação no valor de R$ 234,60 (duzentos e trinta e quatro reais e sessenta centavos) equivalente a 17% (se for pneu nacional) e crédito de PIS e COFINS no valor de R$ 127,65 (cento e vinte e sete reais e sessenta e cinco centavos), que equivale a 9,25% sobre o preço de aquisição, totalizando um custo final ao transportador de R$ 1.017,75 (mil e dezessete reais e setenta e cinco centavos). 
Após a utilização do pneu novo, por uma vida útil de aproximadamente 180.000 km, a empresa de transporte fez a opção de recapear a carcaça para reutilização do pneu por mais 150.000 km, sendo que o custo do recapeamento de uma carcaça é de aproximadamente R$ 580,00 (quinhentos e oitenta reais), o qual gera um crédito de PIS e COFINS no valor de R$ 53,65 (cinquenta e três reais e sessenta e cinco centavos, totalizando em um custo final para o recapeamento de R$ 526,35 (quinhentos e vinte e seis reais e trinta e cinco centavos).
Por fim, considerando que o custo da aquisição do pneu novo foi de R$ 1.017,75 e o custo do recapeamento da carcaça foi de R$ 526,35, tem-se um custo final de R$ 1.544,10 (mil quinhentos e quarenta e quatro reais e dez centavos). É preciso considerar neste caso que a rodagem do pneu novo será de 180.000 km e do pneu recapeado de 150.000 km, totalizando uma vida útil de 330.000 km. Sendo assim, o custo final do km rodado nesta opção foi de R$ 0,0047. Diante do exposto, tem-se no Quadro 3 que mostra um resumo do resultado da decisão de adquirir pneu novo com venda da carcaça ou pelo recapeamento do pneu novo para reutilização por mais um período.

Quadro 3 – Resultado Final na Decisão adquirir pneu novo ou fazer o recapeamento: 

Diante do comparativo de resultado resumido, assume-se que a diferença de custo por km entre a opção de adquirir pneu novo com venda da carcaça ao final da vida útil e a opção de adquirir pneu novo com recapeamento ao final da vida útil foi de R$ 0,00104 por km rodado. Conclui-se que está diferença oferece respaldo positivo para a opção de adquirir pneu novo e vender, ao final da vida útil, a carcaça.
Ao passo que o custo por km rodado e menor em R$ 0,00104 para o pneu novo com venda de carcaça, e que a rodagem de cada pneu é de aproximadamente 180.000 km, tem-se um resultado positivo por pneu de R$ 187,49 (cento e oitenta e sete reais e quarenta e nove centavos). Ademais, considerando que um caminhão utiliza em média 26 pneus, tem-se uma economia financeira por caminhão no valor de R$ 4.874,65 (quatro mil, oitocentos e setenta, e quatro reais e sessenta e cinco centavos). Ao final, considerando que a empresa possui uma frota composta de 20 caminhões, a economia financeira passa a ser de R$ 97.492,91 (noventa e sente mil, quatrocentos e noventa e dois reais e noventa e um centavos). Destaca-se que está economia financeira apontada está dentro do período equivalente a vida útil dos pneus. 
Conclui-se pela viabilidade de adquirir pneu novo e não recapear. Além disso, é preciso considerar que neste estudo não foi especificado fatores de ociosidade do caminhão, em função de possíveis paradas ocasionadas por problemas em pneus recapeados, bem como os custos de borracharia e substituição dos mesmos. 
Ademais, é preciso considerar como fator positivo da opção de compra de pneus novos os créditos de ICMS. Outro aspecto importante, trata-se da qualidade do pneu adquirido, que neste estudo optou-se por pneus que sem possibilidade de um segundo recapeamento. Por fim, a escolha pela aquisição de pneu importando pode modificar significativamente a escolha apresentada em função do menor volume de crédito de ICMS obtido na operação de compra da empresa de transporte. 
 

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