O chimarrão está presente na vida de milhões de brasileiros, não apenas da região Sul. A bebida é consumida em diversos ambientes e situações sociais, desde rodas de amigos até ambientes de trabalho. Importante elemento cultural de toda a região, o chimarrão é legado do encontro entre os povos indígenas, que já utilizavam a erva-mate em sua alimentação, e dos colonizadores latinos e europeus, que tornaram a bebida um hábito diário. Apesar de ser apreciada por grande parte da população do Sul, a erva-mate ainda reserva segredos para os pesquisadores de várias áreas do conhecimento.

Para compreender os hábitos de consumo e de apreciação da erva-mate, a Chimatearia, organização que visa tornar a erva-mate conhecida, assim como o café e o vinho, organiza neste semestre o AvaliaMate 2023 Safra Inverno. A pesquisa é realizada em parceria entre a Unochapecó e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), únicas representantes de seus estados na iniciativa. Também integra a iniciativa a MateinBox, a maior loja de erva-mate, cuias e acessórios térmicos.

O AvaliaMate tem o objetivo de estudar, através da análise sensorial, os tipos de erva-mate que estão mais à gosto do consumidor. Nesta pesquisa, conduzida pelas professoras Micheli Zanetti, Ana Paula Capelezzo e Francieli Dalcanton, do curso de Engenharia de Alimentos, serão analisadas amostras enviadas por ervateiras dos três estados do Sul e também do Mato Grosso do Sul. De acordo com a professora Micheli Zanetti, esta pesquisa, que acontece no Laboratório de Análise Sensorial da Unochapecó, possibilita compreender a preferência do consumidor em relação às diversas maneiras de se consumir a erva-mate, o que poderá induzir as ervateiras a reavaliar sua forma de produção.

“Este é um projeto muito importante para nós pesquisadoras, para nossos acadêmicos e para a sociedade, porque existem várias pesquisas sobre erva-mate, mas todas ligadas ao agro, ao solo, ao plantio. Existem pouquíssimos estudos publicados sobre este tipo de análise que estamos fazendo e estas respostas são muito importantes para as ervateiras”, explica.

Referente ao projeto de análise sensorial, a professora Ana Paula Capelezzo conta que a Chimatearia tem como objetivo tornar a erva-mate conhecida no cenário nacional, para que não seja protagonista apenas na região Sul do país. “São 18 tipos de ervas que precisam ser provadas, 10 delas na forma de chá e oito delas na cuia”, explica. Durante a análise sensorial há um preparo específico a ser seguido: “precisamos explicar a cada um dos avaliadores quais são os atributos sensoriais que estão sendo avaliados, como por exemplo, odor, cor, sabor, o quanto ele gosta ou desgosta desta amostra”, conta.

De acordo com a professora Francieli Dalcanton, a quarta edição do AvaliaMate é considerada especial, pois a preparação para a pesquisa já tem pelo menos um ano. “A nova metodologia, chamada de ‘Perfil ideal’, envolve a pesquisa nas instituições de ensino, além de especialistas na área, totalizando em torno de 150 provadores. A pesquisa precisou ser aprovada pelo comitê de ética para posterior divulgação dos resultados a comunidade científica, as ervateiras, além do consumidor em geral”, afirma. 

Preparação para a indústria

A parceria entre a Chimatearia, a Unochapecó e a UTFPR já tem cerca de um ano e meio. Nas edições anteriores do AvaliaMate, conforme Micheli, não foi possível obter resultados tão sólidos quanto o esperado. “Talvez o público jovem gosta da erva mais docinha, menos amarga, ou ao contrário. Vamos conseguir fazer estas avaliações pela região também. As respostas que daremos são baseadas em uma metodologia científica, com dados estatísticos, sob a orientação de três pesquisadoras e a colaboração de nossos acadêmicos. A Unochapecó se posiciona como universidade pioneira neste tipo de pesquisa e parceria”, conta a docente.

A participação dos acadêmicos é fundamental para a realização desta pesquisa, que é inédita na região. “Os alunos participam desde a organização do evento, das amostras para que sejam entregues aos avaliadores, além das instruções que devemos dar à cada avaliador antes do início da análise sensorial. Tem também toda a organização da amostra para análise visual, análise de odor, onde cada avaliador precisa preencher um questionário a respeito das amostras avaliadas”, ressalta Ana.

Participar de pesquisas como esta e acompanhar a experiência real do trabalho em laboratório oferece um grande diferencial à formação dos acadêmicos que estudam na Unochapecó. A área, de acordo com Ana, é um pólo importante de profissionais na indústria. “A análise sensorial é uma das disciplinas mais importantes do curso de Engenharia de Alimentos, porque é na análise sensorial que detectamos se um alimento carrega consigo todos aqueles atributos sensoriais que são esperados pelo público consumidor. É uma das grades mais importantes do curso de engenharia de alimentos. Certamente eles sairão mais preparados para o mercado de trabalho, tendo toda esta experiência do AvaliaMate”, conclui.

O curso de Engenharia de Alimentos está com inscrições abertas para o Vestibular 2023. Aqui, os futuros engenheiros estudam na maior estrutura universitária da região, integram projetos e conhecem novas culturas, além de estar integrados ao mercado de trabalho desde os primeiros períodos. Inscreva-se! 

* texto: Mara Welter, estagiária de Jornalismo, sob supervisão da jornalista Leticia Sechini.