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O legado das Olimpíadas Rio 2016

Esporte

Por Claudio Alcides Jacoski, reitor da Unochapecó

 

Aceitarmos como legado das olimpíadas apenas a cidade olímpica no Rio de Janeiro é muito pouco. As Olimpíadas Rio 2016 deixam algumas constatações que podem e devem direcionar o país para uma forte mudança na política do esporte, hoje incipiente.

Transparece a necessidade de o Brasil repensar o processo de formação de atletas. Não obstante termos feito a melhor campanha de todos os tempos, o objetivo ao início dos jogos de estarmos no top 10, ou seja, 10ª posição no quadro de medalhas, não foi atingido. Além disso, pode-se depreender que foi fundamental o apoio das Forças Armadas para atingirmos a 13a posição. Dos 465 atletas brasileiros, 145 foram patrocinados com bolsas militares. Das 19 medalhas conquistadas, as forças armadas foram responsáveis por 14. Certamente carecemos de uma política mais adequada ao esporte, não obstante a participação do Ministério do Esporte em parceria com o Ministério da Defesa.

Verifica-se que o país campeão dos jogos, os Estados Unidos, tem uma política diferenciada para o esporte amador, com uma forte presença das universidades, sendo um grande diferencial para o surgimento de atletas, desenvolvendo tanto modalidades olímpicas quanto modalidades ligadas ao esporte profissional, como basquetebol, futebol americano, dentre outras. Hoje já perdemos atletas que se destacam no Brasil para Universidades americanas que oferecem bolsas de estudo para nossos jovens. Há poucos dias os jornais em Chapecó destacavam um atleta de nossa cidade que foi selecionado no exterior para estudar e praticar futebol sendo bolsista.

As Universidades naquele país têm estrutura esportiva para oferecer o suporte necessário aos atletas, além de bolsas de estudo. A Universidade da Carolina do Sul, por exemplo, já produziu 135 medalhas olímpicas de ouro, 87 de prata e 65 de bronze. Se fosse um país, ocuparia o 12o lugar na história olímpica. As universidades são incentivadas, pois a cada atleta escolhido pelo esporte profissional a cada ano, um valor retorna para aplicação no esporte, que tem recursos de mídia, pois há transmissões em canal de TV fechada exclusivo para mostrar o desporto universitário.

Agora, voltando à nossa realidade, no estado de Santa Catarina temos instituições universitárias, principalmente as comunitárias, que poderiam fazer este caminho de formação de futuros desportistas, com uma política de Estado que permita a integração do esporte com bolsas de estudo seguindo o modelo americano e construindo uma estratégia de sustentabilidade através da transmissão em TV e web, que possa oferecer aos amantes do esporte acompanharem o desenvolvimento dos atletas universitários. Eis uma grande oportunidade para patrocinadores associarem-se a esta possibilidade de interagir com os jovens universitários.

Se o país não demonstra capacidade de se desenvolver como potência esportiva, seja pois o estado catarinense a pensar nessa condição criando uma política Estadual de apoio às universidades comunitárias e ao fortalecimento do surgimento dos atletas para, quem sabe em breve, termos resultados mais expressivos. Temos belos exemplos de instituições universitárias que atuam no esporte, como a própria Unochapecó, que hoje é a melhor instituição desportiva universitária de Santa Catarina e a oitava do país. Para se ter uma ideia, caso fosse um município, a Universidade teria ocupado nos últimos anos da sexta a décima terceira posição nos Jogos Abertos de Santa Catarina. Acreditamos que, mais do que formar atletas, o investimento no esporte promove a formação de cidadãos e o incentivo a hábitos saudáveis. Como legado, que o Brasil possa estruturar um planejamento, quem sabe o próprio Estado de Santa Catarina possa dar o exemplo, para almejarmos algo mais em Tóquio 2020.

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Olimpíadas
Claudio alcides jacoski
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